Pages

quinta-feira, 25 de outubro de 2012

Grão de areia

O meu mundo está contido em um grão de areia
Mas quantas histórias estão contidas em um grão de areia?
Um grão de areia flutua com o vento
Pode elevar-se
Passa por tantos bosques
Banha-se em tantos mares
Num grão de areia estão contidas histórias secretas de grandes amores, eles sabem dos corações disparados, das bocas secas, dos olhos fechados.
Mas também sabem das lágrimas cortantes
Dos diálogos lastimáveis
Dos sonhos quebrados
Por isso os grãos de areia são andantes
Eles vão sempre atrás de novos começos
Porque um grão de areia foi feito para voar.

quarta-feira, 24 de outubro de 2012

Andar ou voar?

Ele era do tipo que buscava o amor em cada gesto
Em cada palavra
Ele atentava aos detalhes, via longe.
Ele fechava os olhos e voava num misto de mágica e sonhos.
Conseguia ter estrelas na palma da mão.
Em dias de chuva, ele sorria para afastar as nuvens...
Quando o sol aparecia, ria feliz com o feitiço que conseguira fazer.
Seu mundo era particular, mas fazia questão de abri-lo para cada pessoa que o quisesse conhecer.
Possuía liberdade no olhar, falava de poesias
Com a mesma facilidade com que andava... Ou voava.
Era um moleque doce, daqueles que você sonhou
Na época em que esperava um príncipe encantado
E encantado era seu jeito
Encantado com a vida que observava pela janela,
Pelos momentos que podia viver,
Pela cor de azul de um dia especial em frente ao mar.
Pelas constantes ondas que faziam brisa frente ao esperar
Que ele tinha pelas coisas boas do mundo.

domingo, 21 de outubro de 2012

Seus girassóis, minhas tulipas.

Então, como estão as coisas?
Os girassóis cresceram?
O cachorro continua te roubando chinelos?
Seus planos são certezas agora?
Seu futuro é como você esperava que seria há seis anos?
Qual foi seu último sonho?
E enquanto você me olha, 
Tantas perguntas vão se formando na minha cabeça...
A gente pensa que o mundo das pessoas não gira mais
Quando saímos do convívio delas
E a surpresa é saber que a vida continuou
A má notícia é que passou apesar da nossa ausência
As minhas tulipas ressecaram
Meu gato aprendeu a dormir no cantinho do sofá
Meus planos estão pela metade
O meu futuro é, em partes, como achei que seria há seis anos
Sonhei com arco-íris na noite passada.
E quando eu te olho, tantas respostas decoradas
Há anos se passam na minha mente...
Meu mundo não parou quando você saiu
Mas esperou você voltar.

quinta-feira, 18 de outubro de 2012

Vida de passarinho

Passarinho pousou na ponta do varal
Parecia gostar de roupa limpa
E do cheiro de flores que exalava dos lençóis brancos
Passarinho admirou-se com o vento, assustou-se, encorajou-se, voltou.
A papaia lhe atraiu
Passarinho bateu asas, fez cantigas
Chamou os amigos.
Passarinhos comem rápido!
Penso que sabem fazer visita
E que sabem a hora de ir
Passarinho ficou só...
Só com o varal...
Só com o cheiro de flores...
Só com os lençóis...
Só com os restos de papaia
Passarinho aproveitou os últimos raios de sol
Procurou lugar seguro.
Eh...
Passarinho sabe
viver.

terça-feira, 16 de outubro de 2012

Sentimentos- folhas-mortas

Momentos são como folhas ressecadas
Porque as folhas marrons pairam no ar com mais leveza
E os sentimentos têm fase também
Alguns caem verdes dos galhos
No outono o vento frio consegue fazer girar o redemoinho de folhas
Numa doce valsa, a brisa as tira pra dançar
E rodopiam, elevando-se.
Já os sentimentos, se folhas novas, ficam presos, fincados em galhos...
Darão trabalho ao desvanecer
Mas se o vento forte soprar e conseguir desapegar-lhes
Talvez presos fiquem embaixo de uma pedra úmida.
E quando a chuva vier, traçará um caminho
Fios de água a levar pra bem longe aquele sentimento-folha-morta.
Existem também os sentimentos folhas amarelas
Os que caíram do galho, mas não dão espaço
Para que a luz solar permeei
Entre as raízes cansadas, então, lá ficam...
Lá envelhecem, até que posam ser levados
Como todas as outras folhas secas
São sentimentos saudosistas
Que machucam, mas insistimos em deixa-los ali do lado.
E quando esses saem...
Ah, vida nova!
Espaço para a grama verde
Flores brancas e borboletas azuis a rodearem nossas raízes cansadas
 Porém, prontas para mais uma chuva.
Quem sabe essa seja de verão!

quarta-feira, 3 de outubro de 2012

Sonho de tarde

Três pássaros unidos traçaram 
O céu laranja do fim de tarde
Duas pessoas desconhecidas 
Conversavam banalidades
Os carros confabulavam fumaça
E um coração mistificava momentos
Na tarde que caía 
O tempo parou...
As lembranças vieram
E só notou-se a verdade do tempo
Quando por fim a noite encobriu
O véu da tarde
Mas os olhos ainda fitavam o horizonte
Buscando o ultimo laranja do sol
Em vão...
O momento se foi, mas ficou.
Vivendo nos sonhos errantes de um passado presente,
A mocinha perdeu o agrado do destino
E prendeu-se ligeiramente nos sopros de um propagar da noite
O sol se foi, a lua não chegou.
Mas há mais histórias que adormecem a mocinha.
Há mais pensamentos em sua cabeça enfeitada com laço de fita
Que no bater das asas dos pássaros
No céu alaranjado num fim de tarde distante.

terça-feira, 2 de outubro de 2012

Poesia a duas mãos


Uma poesia feita a duas mãos é capaz de entender mais
De parecer mais
De abranger mais
Porque minha palavra e sua palavra
Completam-se para falar de peculiaridades infinitas
Como quando a gente conversa sobre o azul do céu e acabamos reclamando dos grãos de areia nos pés...
Nada é ruim, estamos sós.
E se minha palavra discorda da sua, no final elas se encontram para chegar à conclusão nenhuma.
Disfarçadamente, brotam sorrisos...
E cada vez que você sorri deixo de bom grado a razão que tenho.
Alcanço tons mais altos, canções que se assemelham com a gente
Melodias que nos fazem dormir
Cada palavra sua, cada nota minha.
Se o mundo nos visse e sentisse a leveza que melancolicamente nos envolve
Ele estaria enamorado de tudo que nos contorna
A palavra, então, seria mais que som...
Seriamos dois
E nossa alma seria uma.

I Hope

Que outubro traga...
A brisa amena
O sonho na rede
O som de uma onda
A luz do fim de tarde
O doce da manga
Um tic tac e meio
A música para lembrar
A chuva para dançar
E um beijo que perdure
Outubro vai ser criança no parque!