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sábado, 13 de junho de 2015

A insustentável

O vento assovia uma canção
que fala sobre o amor que é tão
leve quanto o seu imperceptível
dom de enfeitar os dias ruins.

quinta-feira, 11 de junho de 2015

Erick pulou um parágrafo


De pés descalços, perdido
Como personagem de livro
Pulou um capítulo e caiu nesse mundo
Entende que a vida
Às vezes duvida desse raso profundo
Entre meias palavras parece estar vivo
Não sabe a data,
Nem tão pouco a hora
Não se importa com a volta,
Dispensa escolta e o fim da história
Se molha na chuva, não tem medo do escuro,
Entre um assovio e um riso
Parece escolher os segundos
Que regem o futuro
Mas já sabe que tudo é só um desvio
Não mente pra si, sabe onde está a amarra das correntes
Bate as mãos pra espantar a tristeza,
Embriaga e vaga no doce da  esperteza
Vai girar sem saber
E só sabe o que sente
Alma perdida num mar de maldade
Não sabe da metade do mal desse mundo
É fim sem meio, coração sem gente
E não há nem começo
Do fim desse livro
Mas não vê nem um mal,
Nem crime confesso
Em voltar por igual
Ao mundo dos vivos.

terça-feira, 9 de junho de 2015

Supernova


Quando chegar, vem feito sereno
Como quem quer apenas
Um lugar pra sentar e ouvir música
Chega como quem usa fones de ouvido
Numa praça movimentada
Ali sentado, vendo o movimento.
Pensamento longe.
Seguindo tudo com os olhos.
Vem como o pôr do sol que quando
A gente se dá conta, já aconteceu.
Ou feito sorvete nos dias quentes.
Alivia, dá aquela sensação de que
A partir dali  tudo estará melhor.
Talvez como fruta doce e a primeira mordida.
Quando chegar, pisa brando igual
A quem tenta calar os passos em folhas secas.
Como quem empurra, de surpresa,
O balanço da criança no parque
Procura a simplicidade
Aquela de observar os pés que vão
E vem pelo mesmo caminho
Seja terno como quem
Escuta histórias de amor,
Mas venha com vontade,
Como quem quer viver uma.
Guarde rascunhos de poemas,
Pedaços secos de girassóis,
Bilhetes de cinema,
Uma foto no parque, areia da praia,
Uma carta com cheiro.
Guarde datas.
Resgate a infância, a sensibilidade, a doçura.
Dance e cante, mesmo sem saber fazer nenhum dos dois. 
Grite para o mundo e, finalmente, liberte a alma.
Então será recebido com o melhor dos sentimentos,
Aquele que acontece antes mesmo de tudo acontecer.
Assim, tão doce, tão leve, real, tão amor.

domingo, 7 de junho de 2015

DesEncontros

Mais uma xícara quente de café, vazia
Para não tornar morno mais um dia
Onde há luz, o sol alcança os dois
Escorre no rosto um riso quase contido
Brinca no canto da boca a brisa de domingo.
Deita aqui, esquece aquela história de depois...
Encontros são feitos de cheiro, toque, audição... ?
Encontros são feitos de risos, de sorte ou de encontro, não?
Superam, inebriam, decaem.
O café esfria e a fumaça cansa, mas resiste.
As mãos se tocam feito fotografia  pra quem assiste
Alguém julgou que a brisa é vendaval?
A quem devo explicar que o desencontro foi muito bom?
Que dançamos juntos e que rimos docemente, alcançando o mesmo tom?
Estamos dançando nas pedras, a gente faz nosso próprio festival
E cantamos como loucos a música do velho vinil
Como se a voz alcançasse o tom aonde não chega o vazio.

(Olha, só! Não chora amor, existe um mundo que é nosso)