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segunda-feira, 9 de novembro de 2015

Desafinados

Num canto do mundo,
Submerge a paz vinda
Do mais profundo e desabitado azul.
Não seria chuva,
Suposto que ela despenca do alto
E seus pés não acariciariam nada
Além de terra seca e inóspita.
Não se assemelha a um rio,
Que deságua.
Apenas existe,
Como uma poça.
Mas poça também não é.
Não há espelho d'água,
Apenas um abismo que não supõe abismo,
Visto que todos eles terminam em algum
Lugar, num vale, nas flores,
No nada.
Pela faixa branca,
Envolta daquele azul - que não é a paz-
Escaldam os pés, que voam,
Mas não se quebram em asas.
Saltitam.
À deriva, visto do alto, o barco rema,
Metaforicamente corajoso.
Um pássaro risca o céu
Numa tentativa de subverter o que é alma.
Mas, com razão, o que vem a ser alma?
Aquilo que paira?
O estar quando não estamos?
E se estamos, é morada de mãe mandona?
E se manda, contempla a razão.
Risível vem a ser a graça da alma perdida ter razão.