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sábado, 3 de dezembro de 2016

Chuva no céu de estrelas

Um risco de luz atravessa a noite
E se derrama aos meus pés
De espanto, um salto
Dos olhos ao infinito
E eu, que busco estrelas
Não as vi
O pensamento de descordar não veio
Ainda com os pés molhados
E a falta de feição
Observei o céu
Como quem não espera nada
Logo eu, que procuro por estrelas
E aprecio as noites de chuva
Não esperei por nada.
O cinza invadiu o céu, matou as estrelas
Esfriou o tempo
Ventou misterioso e se foi
Movimentei os olhos
Meus pés estão molhados
Três ou quatro pingos de indiferença
Volto minha visão ao cinza
Que agora é apenas cor
As noites de chuva são aconchegantes
Há um tempo, eu tive uma janela de vidro
De onde observava a água escorrer
E se debruçar no encosto da cama
Como quem quer invadir o quarto e deitar sobre meus lençóis
Vez por outra, abria a janela e saciava seu desejo
A chuva gostava de mim e eu queria a chuva
Nas noites estreladas, pensava planar no céu
O mais próximo possível
De tocar estrelas
Há tempos fechei as janelas e esqueci a chuva
Hoje, nesta noite, ela veio me lembrar de abrir as janelas
Não recordava que a chuva apaga as estrelas
Gotas de vida nos pés
Pingos de alma nos olhos.
Fez chuva numa noite estrelada
E posso seguir, finalmente.