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quinta-feira, 31 de dezembro de 2015

Ladrilhos de sonho

Seus pés me levaram ao primeiro degrau da escadaria,
Meio desnorteado, ergui os olhos.
Vi um céu que não era meu,
Nem era do meu lugar,
Tampouco de meu país.
Fraquejei pelo caminho.
Num bambear de pernas que se assemelhava
Ao tango viajante pelo céu da Patagônia.
Vi um azul que não era meu.
Guiado pelo retorcer do tempo, saltei.
Cai noutro céu, tumultuado de cores. Confetes no ar, balões da Capadócia.
Calou-me a voz, ergueu-me o ser.
Elevando-me até o último resquício de sol do
Vasto, infindo, momentâneo e abstrato querer.
Foi-se o sol, foi-se a luz.
Mergulhei pr'onde furtavam-ve a cor,
Lugar no qual nem as estrelas
Com seu brilho roubado,
Opaco ou não, queriam chegar.
Imensidão do escuro de mim.
Escuro do mundo,
Minha cidade,
Meu céu,
Meu eu.
Possessivo
Indutivo
Solícito
Imensa escuridão.
Disseram-me, em semitom, que os santos ajudam.
Os santos e as estrelas de tal forma enxergariam aqui?
Anjos tocam minhas mãos e eu dou graças.
E sigo daqui, de mãos dadas,
Buscando o céu que não é meu,
Na estrada que não é minha,
Mas cochichou, que eu ouvi.
Como vespas dançarinas.
-Prometo o fim da estrada. O resto.
(Para um anjo ruivo)