Pages

domingo, 12 de janeiro de 2020

Vigia das horas

A noite vigia àqueles que se olham
Entre as luzes que recaem
Sobre toda a cidade.

Troca segredos e afagos
Contando cada respiração
E, por fim, desmaia serena
E vagarosa sobre o calor das palavras.


Ela se vai sem querer e
Entre os sorrisos trocados
Deseja, silenciosamente, permanecer.

O silêncio não lhe basta
Nem o som dos sussurros
Nada a preencheria, não fossem as horas.

O céu se rabisca de estrelas e cores
Nas nuvens há pressa
E nos sonhos terrenos... Ah!
Se ela quisesse lhes suspenderia as asas.

Enquanto o tempo se esquece de passar
As pequenas promessas nascem
Sem prazos para se cumprir.

Há passos apressados
De pessoas lá fora
Enquanto lá dentro as horas
Continuam a passar.

E se vão, findando sossegados
Seus risos compartilhados
Feito casal de passarinhos.

A noite, bonita, todavia cansada
Já não luta para seguir,
De resto só lhe cabe contemplar
Todos os seus melhores "se".